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Três heróis brasileiros
Mudam partes da história, apagam outras, relativizam papéis, prestam enorme desserviço para a educação e a formação das futuras gerações.
Vejo com um pouco de repulsa e nenhuma surpresa quando muitos se recusam até mesmo a dar ao papel do Brasil na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o seu devido valor merecido.
Não falo que o país tenha realizado participação mais decisiva do que realmente foi, não é isso, mas da história pessoal daqueles homens que foram mandados para o outro lado do mundo sem equipamentos condizentes (o exército americano precisou dar até roupas de frio adequadas), em pouco número e ainda assim lutaram com tanta bravura que mereceram reconhecimento até do inimigo.
Temos heróis neste país e quem se lembra deles? Quem passa ali pelo monumento dos pracinhas no Aterro do Flamengo e diz, silenciosamente e para si mesmo, "obrigado"? Não conheço muitos.
De quem não reconhece nem a própria história (e a esquerda domina a narrativa e o ensino no Brasil) por medo de com isso "exaltar os militares" não podemos esperar que tenham honestidade em todo o resto e digam, de verdade, o flagelo que foi o socialismo onde quer que tenha sido implantado.
Faço questão de ensinar às crianças com as quais convivo:
"Aquele monumento ali, com aquela estátua de três soldados, é em homenagem a heróis brasileiros que foram para o outro lado do mundo lutar e morrer, para que hoje você fosse livre.
Se essa liberdade é total ou não, é a que desejamos ou não, não é culpa deles, eles foram lá e deram o que tinham de mais precioso por ela que foi suas vidas, nunca se esqueça de que ali tem gente que morreu por você, sem que você tivesse nem nascido ainda".
Um mundo melhor (e não esse mundo louco e insensível, coletivista e burro, que a esquerda tanto prega) começa por reconhecer a si mesmo, a sua história e não permitir que ninguém roube a sua consciência.
Temos que homenagear quem merece, como os três heróis brasileiros - Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baêta Cruz - que resistiram sozinhos à investida de uma tropa que, devido à bravura dos três, ficou retida ali por muito tempo, imaginando haver mais inimigos do outro lado.
Ao final os três sucumbiram, mas a sua valentia foi tanta que os alemães os enterraram e colocaram nas cruzes sobre seus túmulos a seguinte frase: três heróis brasileiros.
Seus nomes - e não o de tantos ladravazes - é que mereciam batizar avenidas, praças e escolas.
Deixo aqui minha homenagem.
Paixão pela vida
Colored Pencil self portrait 2012, Morgan Davidson - via Behance |
A gente devia.
The Sleep Of The Beloved, Paul Schneggenburger - via DeMilked |
Eu li seu post.
Sobre o verbo amar
No meio de uma complexa conversa de mesa de bar, um amigo virou e mandou:
— Me fala três coisas que você ama e não se imagina sem. Rápido.
Assim, na lata. Eu parei; parei e pensei. Pensei por um bom tempo e não consegui soltar uma palavra sequer.
— Caralho, como assim você não ama nada?
— Não. Não é isso. É que em tudo o que eu pensei, sei que posso viver sem.
— Ah então você se basta, não precisa de nada?
— Na real, ninguém precisa de nada nem outro alguém. Pessoal tem mania de confundir o “querer” com o “precisar”. A única coisa que a gente precisa nessa vida é de água.
— Não dá pra conversar com você.
— Cala a boca e toma sua cerveja então.
Sabe, o verbo amar sempre foi um verbo complicado pra mim, afinal, o que significa essa porra toda de amor? A maioria dos grandes amores que vejo por aí estão acompanhados de inúmeras cobranças, dúvidas e sentimentos de posse.
Por exemplo, se você ama o seu carro, é porque provavelmente você pagou pra ele ser seu e poder usufruir de suas funções e comodidades, ok. Logo, você não vai querer emprestá-lo pra qualquer um, já que você ama aquilo e você não vai deixar ninguém bater, riscar, buzinar, fumar, cagar no seu carrinho.
E você, cara casado com sua esposa toda toda, aposto um dedo que odiaria vê-la dando pra outro cara na sua frente. Porque afinal ela é a sua esposa, não é mesmo?
Não gosto de generalizar, mas o amor sempre vem com a ideia de posse e também sempre será justificado através disso, a menos que role uma dose de desapego…
— Então você nunca amou nada, é isso?
— Amei. Amo. Não sei, e se por acaso eu dissesse que não?
Será que tudo que eu amei, amei sozinha, como diria meu querido Edgar Allan Poe? E se era amor, por que passou? Porque tudo sempre passa e quando você descobre isso – de verdade – encontra a chave pro tal do desapego. Não é regra nem tem receita, o negócio é saber lidar com as prioridades.
Eu não estou aqui cultuando o ódio, muito pelo contrário. Só não acho que as pessoas devem vir tão carregadas com essa idealização de “transbordar amor”. Jogarem suas vidas em cima de algo ou alguém, como se um “eu te amo” pudesse ser a solução e justificativa pra tudo. Não é. Tá bem errado e bem longe de ser.
— Eta coração de gelo do caramba.
— Jamais!
Não tenho nada contra o amor, por favor, mas o que fazem com ele é de uma responsabilidade imensa. Reduzem a vida a pequenezas e a felicidade a amar. Pra mim, parece que as pessoas se sentem obrigadas a amar o tempo todo e que precisam provar isso para serem vistas como seres de “bom coração”, quando na verdade a única coisa que elas realmente precisam é de um pouco de paz e nada mais. (E água, claro!)
Já dizia Drummond: “Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será.”
— Ou cê é muito amarga, meu deus do céu.
— Deixa eu te contar um segredinho: ninguém nunca morreu de falta de amor. Sabia?
— Vamos mudar de assunto?
— Por favor! Moço, traz mais duas geladas que a galera se exaltou.
A festa
Da rua já dava para ver a sala toda acesa, com as cortinas amareladas na luz da lâmpada quente e umas sombras zanzando, um pessoal segurando coisas e tudo mais. Festa em casa. Abri o portãozinho da rua, daqueles baixinhos que só servem de enfeite, porque qualquer criança de menos de 1 ano de idade já seria capaz de abrir ou pular por cima sem muita dificuldade. Abri a porta e a primeira coisa que vi foi o panetone de 5 kg na mesa da sala, com uma vela de macumba fincada bem no meio, quase como uma estaca, e um senhorzinho de uns 250 anos sentado logo atrás daquele conjunto bizarro, esperando momento de acenderem o pavio.
Todos me olharam com uma cara estranha, como se eu tivesse chegado bem no meio de alguma coisa muito importante, mas logo voltaram a se concentrar na mesa de docinhos, quitutes e o puta panetone gigante no centro. A vela era vermelha da metade para baixo, preta da metade para cima e eu, por pura falta de vocabulário, paciência e conhecimento, repeti para mim mesmo, mentalmente: “isso é uma vela de macumba enfiada num panetone de Itu”, e saí da sala. Não fazia a menor ideia de quem era aquele senhor muito muito muito velho, mas meu avô não era, esse já morreu.
Cheguei na cozinha e tive aquela estranha sensação de estar sendo confundido com alguém, ou de ser reconhecido por alguém que te “carregou no colo” e agora não pode acreditar que você já tem pelos na cara, debaixo do braço, no saco, e ganha dinheiro trabalhando em algum lugar honesto. Uma mulher de cabelos pretos cacheados, tipo permanente dos anos 80, bem gordinha, daquelas que, segundo o médico, deveriam pesar 50 kg, mas estão beirando os 90 kg, me abraçou bem forte. Tinha aqueles braços de moças polenteiras, que ficam com os bíceps parecendo rochas e os tríceps parecendo uma rede de descanso pendurada em pilastras próximas demais.
Reencontrar parentes que você não lembrava ou não sabia que tinha é sempre um momento esquisito. Era sexta-feira, eu tinha acabado de chegar do trabalho e, de repente, estava rolando um aniversário suspeito com um monte de parentes desconhecidos e eu pude fazer toda essa análise do cenário enquanto era apertado pela moça gordinha. Na boa, cadê a minha mãe nessa porra? A gorda disse que eu cresci, disse que eu estava bonito, disse que não me via há muito tempo e depois chamou o marido, que me deu um aperto de mão mais forte do que o necessário, balançou meu braço mais forte do que o necessário e me disse que tinha me carregado no colo, mas que eu não ia lembrar. O casal, ela muito gorda, ele quase um palito de tão magro, estavam nitidamente alcoolizados e as outras pessoas na cozinha me olhavam com certo ar de vergonha e constrangimento.
Eu estava varado. Entrei no trabalho às 14h da quinta-feira e saí às 19h da sexta. Não estava raciocinando bem, não entendia o evento e nem conhecia as pessoas. De repente percebi que no rádio tocava o CD novo do Lulu Santos, só com versões do Roberto e do Erasmo e, por um segundo, senti uma nostalgia mórbida entrar por dentro do meu nariz. A casa tinha cheiro de leite de rosas. Subi as escadas e ao tentar entrar no meu quarto a porta estava trancada. Bati grosseiramente com a lateral do punho fechada e ouvi duas vozes femininas dizendo que já estavam quase prontas. Ótimo, minha mãe deve ter dado meu quarto pra alguém se fantasiar de gente bonita. O quarto dela também estava trancado, mas eu não precisei ser muito inteligente ou bater na porta para sacar o que estava rolando. Sexo!
Eu conhecia o som das molas da cama da minha mãe, já tinha transado naquela cama inúmeras vezes durante as viagens dela e, definitivamente, alguém estava mandando ver. Torci para não ser ela, mas a voz era realmente diferente. O cara dizia coisas como “quem é o pai? Fala pra mim quem é o pai aqui?” e a mulher respondia com a voz falhada e muito aguda, “é vocêêêêêêêíííííííííííííííí” como uma chaleira com a água já fervida. Vish. Saí dali sem questionar muita coisa. Quando desci as escadas todo mundo estava cantando parabéns. Mas era uma versão gringa. Não sabia se estava ouvindo direito, mas parecia alguma coisa europeia, um parabéns em russo, ou polonês, ou húngaro, mas no ritmo do parabéns brasileiro. Estava realmente complicado para mim.
O vovô agora usava óculos de sol e batia palmas e eu previa que a mão dele cairia a qualquer momento, mas não aconteceu. Quando ele finalmente soprou a vela, ao invés de a chama apagar, fez-se uma labareda colossal dentro da sala, como aquelas dos malabaristas de fogo, que foi ovacionada com muitos assovios, palmas e gritos, seguidos de um coral que batia palmas ritmadas gritando “dra-gão, dra-gão, dra-gão” e eu já não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Cadê minha mãe nessa porra? Fui procurá-la no quintal do fundo e tinha uma galera um pouco mais velha que eu tomando cerveja e comendo frango, um frango assado, estranhamente equilibrado num prato sobre uma baqueta de madeira muito bamba. Eles comiam com a mão e o tempo todos as garrafas pareciam escorregar. Um rapaz com fiapos de frango preso na barba me perguntou, ainda de boca cheia: “quer frango, brother?” e eu apenas saí.
Atravessei a cozinha onde o casal gordinho bebia shots de álcool Zulu 46% num copo de requeijão, passei pela sala onde agora todos dançavam em casais as músicas românticas do Roberto Carlos na voz carioca do Lulu Santos, e cheguei de volta até a frente da casa, onde o silêncio da rua parecia quase um milagre. De repente vi minha mãe, do outro lado da rua, no portão, conversando com uma amiga. Ela estava na nossa casa o tempo todo, mas eu não.
Feminismo de farmácia
Minha timeline de hoje derrete-se em elogios a uma capa “irônica” da TPM. A revista lançou uma capa “falsa” em que reproduz as chamadas mais clichês das publicações femininas: justamente aquele tipo de promessa e de cobertura do jornalismo “feminino” que essa revista se propõe a evitar. Ao lado da capa “falsa”, vemos a capa “verdadeira”, com uma chamada clean questionando por que se mente tanto para as mulheres.
Nas duas opções de capa vemos a mesma atriz, Alice Braga, linda, magra feito um palito, com ossos aparentes e tudo. A moça não tem um pelo, uma marca de espinha, uma ponta dupla. Talvez ela seja assim mesmo, sem Photoshop nem nada, mas esse não é o caso de praticamente nenhuma mulher e certamente não é o caso de nenhuma mulher sem dinheiro. O padrão de beleza atual não é passível de ser conquistado apenas com dons genéticos e hábitos de vida razoavelmente saudáveis. É preciso um investimento de tempo e dinheiro cada vez maior já que o objetivo desse padrão não é apenas te fazer chorar no chuveiro, mas essencialmente te fazer encher esse chuveiro de produtos de beleza. Prova disso é que os gastos do brasileiro com cosméticos, produtos de higiene pessoal e serviços de beleza passaram de R$ 26,5 bilhões há dez anos para R$ 59,3 bilhões neste ano: um pequeno crescimento de 124%.
A TPM se insere no contexto das revistas femininas mais ou menos como a Dove se insere no contexto dos produtos de beleza: ela é apenas um outro produto, só que voltado para uma mulher que quer parecer mais natural e autêntica sem necessariamente o ser. Como disse Toni Morrison, “the change was adjustment without improvement”.
Na capa “falsa”, Alice Braga aparece num maiô cafona, fazendo pose de blasé e cheia de laquê no cabelo. Na capa “verdadeira”, aparece tranquila e risonha. A mensagem é de que a leitora da TPM quer ser gostosa, mas com shortinho folgado e camiseta podrinha. Ela despreza a mulher que “se esforça demais” para preencher os padrões. Melhor preencher esses padrões naturalmente. Trata-se de uma mera mudança de estilo, de embalagem, não de estilo de vida, muito menos de pensamento.
Em sua tentativa de se diferenciar, a TPM acaba sendo mais mentirosa e opressiva que as outras revistas. Porque as outras pelo menos passam a real de que para fazer o tipo capa de revista o sujeito terá de gastar tubos de dinheiro e comer um alface, trabalhar nos fins de semana e ter dois empregos. Vai ter que guiar sua escolha de carreiras segundo os interesses do mercado, e não segundo seus gostos pessoais. A TPM finge que é possível ser linda, bem sucedida e rica mantendo um ar descolado, como se tudo na vida fosse muito fácil. Seremos perfeitas e sem paranoia. Um comportamento estilo bailarina: sofra sorrindo. Seja linda, mas vê se toma um banho rápido e não chateia os amigos com assuntos de dieta.
Quando leio a TPM me sinto tão pobre, feia e incompetente quanto quando leio qualquer outra revista feminina. A revista é cheia de casas maravilhosas habitadas por pessoas que nem atingiram os 30 (como pagar por aquele móvel trazido da Tunísia sendo uma “pessoa de humanas”? Ter uma família rica é o crediário mais acessível). Enquanto as outras revistas femininas pregam o empobrecimento e a fome, essa prega a iluminação espiritual e uma aura desencanada.
A TPM esbarra nos limites do feminismo burguês e de farmácia. Uma seção particularmente ilustrativa de suas limitações é aquela em que uma moça é convidada para mostrar seus looks da semana e dizer o que fez em cada um daqueles dias. São todas jovens e bem sucedidas. A maioria faz questão de se mostrar como uma pessoa que curte a vida, visita os amigos durante a semana, faz passeios. Lá ninguém trabalha o dia inteiro depois se joga deprimido num sofá com Neflix. Trabalhar muito é cafona, disse Nina Lemos, colunista da revista. O único inconveniente é que a vida financeira das moças não faz sentido. As profissões que elas dizem possuir não comportam o nível de consumo que elas aparentam ter trabalhando a quantidade de horas que elas alegam trabalhar.
Para ser uma mulher de Nova você precisa trabalhar muito, comer pouco e transar a cada dia numa posição diferente. Para ser uma moça da TPM você basicamente tem que nascer daquele jeito. A questão é: quem nasce assim?
Ps: Poucos dias depois de escrever esse post eu estava na fila do mercado e dei de cara com essa outra capa. Resta saber se é falsa, verdadeira ou se estamos fazendo a pergunta correta:
Sentir é bom.
Um duende chamado Otimismo
Sobre viajar leve.
Foto: Amanda Mabel |
Um alguém.
Provavelmente alguém que não se sente tão frustrada por nada, que consegue se manter mais feliz por tudo. Que saiba conversar olhando nos olhos e que saiba defender seus argumentos sem vacilar, sem achar que ser desafiada já é começar perdendo.
Seria uma daquelas pessoas que não tem vergonha de dizer "oi", daquelas pessoas que agregam pessoas ao seu redor. Que não se compara tanto com os outros, que consegue ver como é bom ser ela mesmo, mesmo com tantos defeitos, tantos defeitos tão dolorosos.
Seria uma pessoa que não teria que escrever esse texto.
Photo Credit: Helga Weber via Compfight cc |
Desenho Livre # 28
é assim
eu saberia que você estaria ali naquele café às 16h de uma terça de clima ameno. eu sabia, e por alguma razão eu sabia. eu me perguntava se você ao menos sabe quem sou eu, embora eu saiba todas as coisas sobre você. sei que seu prato predileto é macarrão com almôndegas, sei que seu pai comprou uma caminhonete em 2008, sei que sua música preferida é de um lado b do beatles, sei que você não gosta de verde e sei de várias coisas que me configurariam como uma criminosa, caso você tivesse conhecimento sobre. se eu me envergonho disso? não exatamente. o que posso fazer? estou aqui sentada nesse café, apreciando um delicioso e gelado latte enquanto observo você se aproximar cada vez mais dessa garota ruiva. eu sei quem é essa garota ruiva. e talvez por saber quem ela é, neste momento sinto fisgadas estranhas no peito. não vou mentir que eu gostaria muito de chorar, gritar e sair correndo enquanto coloco essa ruiva para fora desse café. mas admito e aceito o meu lugar de observadora. aonde irei chegar, me pergunto. não obtenho resposta alguma. apenas continuo observando com certa inveja da ruiva. ela coloca um pedaço de muffin na sua boca, me imagino nessa situação e não consigo conter um risinho abafado. bebo um gole longo do meu latte, já com o gelo derretido a essa hora. você olha para a minha direção. rapidamente pego um bloco de anotações na bolsa e finjo desesperadamente anotar coisas importantes. você desvia o olhar e me dou conta que acabei de desenhar uma ruiva morta. envergonhada arranco a folha e rasgo em pedacinhos infinitesimais e coloco dentro do cinzeiro. acendo um cigarro. acender um cigarro é sempre uma boa ideia. enquanto pego o isqueiro prateado na bolsa, vejo o rosto da ruiva se aproximando do seu. paralizo por alguns segundos. acendo o cigarro, enfim. seu rosto está mais próximo. posso imaginar seu cheiro e sua respiração próxima, porque no fundo eu gostaria de estar no lugar da ruiva. começo a tremer. apago o cigarro.
vocês se beijam e eu continuo ali, parada igual uma estátua. solto um longo suspiro e concluo “tudo bem, eu não posso te ter, mas posso te ver aqui à distância, meio escondida e isso é de longe melhor do que não te ter em minha vida”.
dou um sorriso.