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23 May 10:49

Saturday Morning Breakfast Cereal - Quantum

by tech@thehiveworks.com


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Today's News:
29 Oct 09:28

Pieśni Żydów sefardyjskich

by Witt Wilczyński
Pieśni Żydów sefardyjskich fascynują brzmieniem i intrygują historią ludzi, którzy je tworzyli i wykonywali. Zapisano w nich losy Żydów wypędzonych z Półwyspu Iberyjskiego, którzy wbrew przeciwnościom losu zachowali język i specyfikę kultury sefardyjskiej.
22 May 08:46

Poland could be among Europe’s biggest beneficiaries of post-pandemic production shift from China: report

13 Apr 13:22

O lendário pontapé de bicicleta e o lendário… Cristiano Ronaldo

by Ricardo Ferreira

“(percebi que ia ser o melhor avançado) porque tinha desenvolvido desde baixo tudo o que era preciso. Revelava capacidade de finalização extraordinária, tanto com o pé direito como com o pé esquerdo ou com a cabeça. Tinha drible, remate, enganava adversários, tinha poder atlético no choque. Naquela geração não tínhamos mais nenhum assim como avançado, como ponta-de-lança.”

Francisco Silveira Ramos, 2017

Quantos de nós… na nossa infância… rebobinaram vezes sem conta a cassete de VHS, no momento em que Pelé, no filme Fuga para a vitória“, marca de pontapé de bicicleta aos nazis? Eternizando o momento e sonhando um dia reproduzi-lo no campo da nossa escola? Não sabemos se Ronaldo foi um deles, mas a realidade é que materializou o sonho de qualquer criança fascinada pelo jogo. No nosso imaginário, marcar de pontapé de bicicleta era o derradeiro degrau que imortalizava a lenda. Fosse durante a 2ª Guerra Mundial, na nossa rua, no clube da cidade ou na Liga dos Campeões. Aquele momento… tal como no filme… em que o jogo e a competição passavam para segundo plano, a Arte assumia o papel principal e os adversários nos aplaudiam de pé.

Segundo a (Wikipédia, 2018), “na maioria dos idiomas, a manobra recebe um nome similar aos movimentos do ciclismo e da tesoura, devido à plasticidade da acrobacia. A sua complexidade e seu uso incomum nas partidas de futebol fazem com que a bicicleta seja uma das mais célebres habilidades avançadas do desporto. (…) O remate de bicicleta já foi reproduzido em diversas obras de arte, bem como em esculturas, filmes, propagandas e na literatura.” Deste modo, entre tantos outros feitos, Cristiano Ronaldo sublinhou a sua imortalidade. Desta vez com talvez a acção individual mais célebre do jogo.

Crescemos e fomos educados sob constante avaliação. Nos jogos e brincadeiras com os amigos, na escola, no desporto, na vida profissional e até sentimental. É portanto natural, que tenhamos a tendência para procurar distinguir os melhores nas mais diferentes actividades. No Futebol, torna-se até fundamental, se estamos no domínio da escolha de um plantel ou de um onze, por exemplo. Contudo, a permanente discussão e comparação entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, sendo sempre possível, perde sentido. Tendo em conta a sua individualidade, naturalmente terão qualidades similares e tantas outras diferentes. Até se pode tornar interessante discutir a influência de ambos nos diferentes sub-momentos de jogo das suas equipas. Porém, ambos atingiram uma tal dimensão qualitativa, que a discussão sobre a sua importância no jogo das suas equipas, e até na história do jogo deixou de fazer sentido. Ambos entrariam em qualquer equipa da história do Futebol.

Deste modo, à luz do trinómio Estética-Eficácia-Eficiência Ronaldo e Messi figuram entre os melhores da história nas dimensões Eficácia e Eficiência. Como a dimensão Estética, referida no artigo sobre o tema, torna-se “subjectiva e relativa à individualidade, cultura e preferência pessoal de cada indivíduo”… então Ronaldo e Messi são incomparáveis… podem ser uma preferência pessoal, mas no fundo o que importa é que ascenderam ao estatuto de lendários e estão no panteão dos deuses do Futebol.

Nos seus traços e evolução vivenciada, o autor (Lumueno, 2013), acredita que Cristiano Ronaldo “é o jogador mais completo do mundo no momento de finalização. É um fora de série pela eficácia que demonstra nos momentos de decisão. É um tremendo jogador”. O treinador português Fernando Valente, em entrevista também a (Lumueno, 2015), descreve que “Ronaldo formatou, à base de “hard work”, o seu corpo para se tornar uma máquina de execução técnica que lhe permite estar a um nível altíssimo na execução e antecipação de situações de finalização…” Também neste contexto, (Bouças, 2015) acrescenta que “ainda que Ronaldo seja de facto um monstro físico, é ser um monstro de execução técnica que o separa do comum dos mortais. Quantos outros futebolistas não são tão ou mais rápidos, não têm tanta ou mais força, ou não são mais ágeis que o prodígio português? A forma persistente como trabalha fisicamente para ser cada vez melhor é louvável. Mas, quantos não o farão em igual proporção? Ronaldo fisicamente é tudo o que se diz. Mas e como tão bem referiu Fernando Valente é por se ter tornado uma máquina de execução técnica que tem o sucesso que tem. Que marca a infinidade de golos que marca. É na excelência do seu gesto técnico, sobretudo a finalizar (e com qualquer superfície de contacto com que toca a bola!!) que Ronaldo é absolutamente estratosférico! Foi no evoluír do seu gesto técnico a finalizar que atingiu e atinge marcas outrora impensáveis. E não no incrementar das suas capacidades físicas. Ser mais rápido e mais forte não garante sucesso na hora em que o pé toca na bola”.

“Aquele que é um dos melhores finalizadores de toda a história do futebol mundial, porque antecipa espaços, porque percebe antes de todos onde a bola vai cair, porque é um animal de movimentos na grande área, e acima de tudo porque coloca em cima da forma como “adivinha” um gesto técnico seja a rematar ou a cabecear como muito pouco visto antes na história do jogo, entendeu oportunamente o espaço que poderia encontrar para ficar como um jogador marcante, recordado até daqui por cem anos.“

Pedro Bouças, 2017

Após a primeira publicação deste texto, o genial Ricardo Araújo Pereira partilhou a mesma opinião e sentimento.

“(…) o nome foi a única vantagem com que Cristiano Ronaldo nasceu. É um nome que indica ao seu proprietário a carreira que deve seguir. Um nome psicotécnico: um arquitecto Cristiano Ronaldo sabe que nunca vencerá o Pritzker, e um engenheiro Cristiano Ronaldo nunca será quadro de topo da Mota-Engil – a menos que tenha sido ministro das Obras Públicas, mas infelizmente o cargo de ministro também está vedado a Cristianos Ronaldos, como é óbvio. Não, assim que um miúdo recebe o nome de Cristiano Ronaldo, pode começar a engraxar as chuteiras: já sabe que vai ser jogador de futebol.

Foi a única vantagem com que Cristiano Ronaldo nasceu. Tudo o resto foi conseguido por ele. É por isso que, ao contrário do que parece ser a opinião geral, considero que Cristiano Ronaldo é modesto e casto. Modesto e casto, digo bem. E justifico: Ronaldo nasceu, há 26 anos, num lugarejo esquecido da Madeira. À custa exclusivamente do seu esforço, conseguiu ser considerado o melhor do mundo no seu ofício. É isso que faz dele modesto. No lugar dele, tendo feito os sacrifícios que ele fez e obtido o que ele obteve, eu teria mandado fazer um cartaz, todo em néon, com os dizeres “Eu sou o grande Cristiano Ronaldo” e uma seta fluorescente a apontar para mim, pendurava-o ao pescoço e não saía de casa sem ele. Que ele, de vez em quando, dê uma entrevista em que arrisca um tímido elogio a si mesmo, para mim, é sinal de humildade.”

Ricardo Araújo Pereira, 2011

Bibliografia